Saturday, June 21, 2008

Ananil


O Ananil é um festival gratuito (!!!) em terras de Montemor, mesmo à beira rio... em contacto profundo com a natureza, numa atmosfera relaxante... onde tudo acontece devagarinho, com muito espírito inventivo e artesanal... e onde podemos assistir às experiências cinematográficas, musicais e performativas de jovens artistas, à descoberta da sua linguagem...

Através da apresentação dos seus trabalhos, os artistas constroem uma relação de conversação com o espectador... que torna a arte próxima! O Ananil é um corte com o sistema pseudo-intelectual de apresentação de espectáculos em espaços fechados, restritos pelo preço de um bilhete ou até simplesmente pela estratificação social com os seus hábitos e sub-culturas próprios, que tornam certos espaços como a Culturgest, o CCB, o Camões, a Cinemateca, etc etc, espaços visíveis apenas a alguns... e como que grandes incógnitas, para outros. Há que perceber que enquanto fecharmos a arte nos seus espaços, estamos a vedar o acesso, a toda uma massa de população cuja sub-cultura própria não inclui o conhecimento, a frequência, o questionamento, sobre o que se passa por detrás dessas paredes com letreiros estranhos à entrada. É urgente levar a cultura às ruas!!! E o Ananil é um perfeito exemplo disso.
Sinto-me aqui tentada a citar as palavras de um amigo, pouco frequentador desses espaços, e supostamente não apreciador de dança, depois da performance f/f do dançarino e coreógrafo Hajime Fujita:

"Isto interessa-me mais, liguei-me mais a ele, eu senti mais, percebi mais do que se ele tivesse um fato xpto e estivesse num palco."

O Ananil constroi-se numa sala minúscula onde as pessoas se sentam muito juntas no chão, mesmo ao lado da actuação; debaixo de uma árvore mesmo junto às mesas dispostas no pátio para as refeições e na zona de passagem; debaixo de outra árvore que faz de sombra à tela, numa espécie de pequeno pátio, mesmo ao lado da estrada; numa tenda ao fundo do campo, com um pequeno palco; nas pedras ou nos bancos (tábuas assentes na terra) junto ao rio; no pequeno bar de gente da aldeia; nas tendas dispostas no terreno irregular, rompido por raízes ou por pedras, debaixo das árvores junto ao rio; nas ruínas do fantástico castelo de Montemor; no pôr do sol incrível: no céu estrelado.

Espero voltar!

1 comment:

sophiarui said...

humm... e para a próxima eu também vou!!!

;)